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Camaçari sob as lentes do povo: redes sociais expõem caos dos alagamentos e pressionam políticos

Camaçari sob as lentes do povo: redes sociais expõem caos dos alagamentos e pressionam políticos

Camaçari sob as lentes do povo: redes sociais expõem caos dos alagamentos e pressionam políticos

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 A força das redes sociais na cobertura dos alagamentos: quando os moradores viram repórteres da própria cidade

 Camaçari enfrentou nesse final de semana uma das situações mais difíceis do ano: alagamentos intensos tomaram conta de ruas, avenidas, bairros inteiros e distritos do município. Mas, antes mesmo de qualquer boletim oficial, foram os próprios moradores que assumiram o papel de comunicadores.

Em vídeos gravados com celulares e publicados nas redes sociais, cenas impactantes tomaram conta da internet, mostrando bueiros transbordando, veículos ilhados, casas invadidas pela água e uma cidade em colapso.

 De forma espontânea, centenas de internautas transformaram suas redes em veículos de informação. As imagens se espalharam com velocidade impressionante pelos grupos de WhatsApp, páginas locais no Facebook, perfis no Instagram e até no TikTok.

 Cada vídeo, cada relato, carregava imagens de destruição, o grito de alerta e indignação: “Acordamos assim, esquecidos pelo poder público mais uma vez.” Moradores do centro de Camaçari, Gleba A, Phoc II, além de distritos como Monte Gordo, Vila de Abrantes, Parafuso e Arembepe, mostraram em tempo real a gravidade da situação.

 Muitas publicações exibiam ruas transformadas em rios, com a água cobrindo calçadas, invadindo comércios e isolando famílias. Em poucas horas, a tag #CamaçariAlagada ganhou força nas redes, acompanhada por centenas de vídeos e comentários exigindo providências.

 A prefeitura, pressionada pelas imagens que viralizavam, foi obrigada a se manifestar com comunicados e ações emergenciais. Foi a internet, mais uma vez, que ditou o ritmo da resposta oficial.

 Os relatos, os conteúdos postados criaram uma rede de mobilização entre os próprios moradores. Pessoas se ajudaram a encontrar rotas alternativas, ofereceram abrigo, divulgaram telefones da Defesa Civil e indicaram áreas de risco. A solidariedade floresceu em meio à lama e ao descaso, provando que a tecnologia pode, sim, ser aliada da empatia.

 Mas, junto com a enxurrada de informações, também surgiram os riscos. Vídeos antigos sendo compartilhados como se fossem atuais, boatos sobre desabamentos que não ocorreram e números de vítimas inflados geraram confusão e medo.

 É o outro lado da comunicação instantânea: sem filtro ou verificação, qualquer post pode virar verdade – e causar pânico. Mesmo assim, os acertos superaram os erros. A cobertura feita pelos próprios cidadãos foi, em muitos momentos, mais completa, rápida e sensível do que qualquer matéria institucional.

 Isso escancarou, também, o despreparo da estrutura oficial diante de eventos emergenciais. Os vídeos dos moradores de Camaçari foram registros históricos dos dias em que o povo gritou por socorro e foi ouvido.

O celular se tornou uma ferramenta de denúncia, as redes sociais um canal de cobrança, e os moradores os protagonistas de uma cobertura intensa e real, feita de dentro das enchentes.

Camaçari foi filmada pelo próprio povo. E talvez, ao ver a própria dor amplificada nas telas, o poder público finalmente compreenda que não dá mais para ignorar a voz  dos celulares nas mãos dos cidadãos.

Fonte BFN

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