‘Será uma eleição muito dura e muito competitiva em 2026’, diz Manuel Rocha
‘Será uma eleição muito dura e muito competitiva em 2026’, diz Manuel Rocha
Projeto PT, há 20 anos no poder, já tá dando sinais de fadiga”
Após o sucesso da Fenagro, com 150 mil visitantes e R$ 120 milhões em negócios, o deputado estadual Manuel Rocha (União Brasil) destacou a relevância do evento para a economia baiana. Em entrevista à Tribuna, Rocha também abordou a tramitação da chamada PEC Pablo Roberto, que enfrenta resistência do governo estadual, e criticou a falta de ações efetivas do governador Jerônimo Rodrigues (PT) para resolver o gargalo energético que trava o agronegócio no oeste baiano. O parlamentar, que planeja disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados em 2026, acredita na força da oposição para o próximo pleito, destacando avanços importantes em municípios estratégicos, mesmo diante da hegemonia do PT na Bahia.
Confira a entrevista na íntegra:
Tribuna - Acabou no final de semana passado a Fenagro, que retornou após quatro anos. Como o senhor avalia a realização dessa que é uma das maiores feiras agropecuárias da Bahia?
Manuel Rocha - A Fenagro é uma marca forte. É um evento tradicional do nosso estado. Como você disse, depois de quatro anos sem a sua realização, voltou com números impressionantes. Foram 150 mil visitantes durante os dez dias, aproximadamente 120 milhões de negócios realizados na feira. E por isso é uma feira importante não só para o setor agropecuário, como também para a economia baiana.
Tribuna - O senhor é autor da PEC apelidada de PEC Pablo Roberto. Quais os obstáculos que essa PEC tem enfrentado na AL-BA?
Manuel Rocha - Primeiro, é bom frisar que essa é uma permissão constitucional para que deputados estaduais possam assumir secretarias municipais, além da capital, porque na capital já é permitido pela Constituição Federal. Ela tem sido aprovada em diversos estados, hoje está em tramitação, em diversos estados do país. Exemplo de Goiás, Rio de Janeiro e Piauí. Ela tem o intuito de qualificar as direções municipais, porque a gente tem muitos deputados na Assembleia com experiência administrativa, seja na área, na iniciativa privada, seja na pública, deputados que foram prefeitos, secretários de estado. Então existe, respondendo diretamente sua pergunta, para aprovação ainda esse ano, a resistência do governo em dispensar a formalidade para colocar a PEC em votação. Então não existe uma boa vontade do governo do estado para votar a matéria, apesar de ter um compromisso do presidente da assembleia de votar, de pautar a matéria.
Tribuna - O senhor é bastante ligado ao agronegócio em seu mandato, presidindo inclusive a Comissão de Agricultura. Acredita que o governo Jerônimo tem estimulado o setor?
Manuel Rocha - A força do agronegócio é muito grande em nosso estado, pelas terras férteis, pelo clima, pela água abundante, mas tem encontrado alguns obstáculos para o seu crescimento, a exemplo da energia elétrica. Isso aí tem sido debatido no âmbito da Comissão de Agricultura e também da Comissão de Infraestrutura e a gente vê realmente a Coelba como um grande gargalo para o desenvolvimento do agronegócio em nosso estado. A renovação da concessão é uma pauta que já está batendo na porta e a gente espera que o governo do estado tenha uma posição firme para cobrar da Coelba, para colocar exigências contratuais para que a gente possa destravar esse gargalo e a gente possa avançar. São milhares de hectares prontos pra iniciar sua produção. Pra gerar emprego e renda e não conseguem por conta da deficiência energética, principalmente no oeste do estado. Então, o governo tem que ter uma atenção maior nessa área. O governador tem sinalizado aí alguns discursos, mas na prática a gente não vê nenhuma ação do governo pra poder exigir que resolva o problema da deficiência energética do nosso estado.
Tribuna - Fazendo um balanço das eleições, incluindo as derrotas em Camaçari e Juazeiro, o senhor acha que a oposição chega competitiva em 2026?
Manuel Rocha - Com certeza, o sonho da oposição, o desejo, na verdade, da oposição em vencer as eleições de 26 continua muito vivo. Nós conseguimos vitórias importantes como a de Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, barreiras. Simões Filho e Lauro de Freitas, então nós mostramos a nossa força. Todo mundo pensava, achava que o governo do Estado ia tratorar a oposição nestas eleições municipais e não foi o que aconteceu. Mesmo com esse alinhamento com o governo federal, nós conseguimos resistir e avançar em cidades estratégicas do nosso estado.
Tribuna - Do lado do PT, se fala na chapa dos governadores, com Jerônimo indo pra reeleição e Jaques Wagner e Rui Costa para o Senado. Há quem diga no governo que essa chapa é imbatível. Qual sua avaliação?
Manuel Rocha - Acho que não muda muito, porque aqui no estado as forças estão polarizadas. Existe aí um projeto PT que já está há 20 anos no poder, que eu acho que já tá dando sinais de fadiga, e o projeto da oposição que prega a mudança em diversos segmentos, como na educação, na segurança pública, na saúde. Então, a participação dos dois ex-governadores na chapa, acho que não muda muito do cenário que tá aí. Na eleição passada tivemos quase metade do eleitorado. Será uma eleição muito dura e muito competitiva em 2026.
Tribuna -É sabido por todos que o senhor disputará a eleição de 2026 para deputado federal. Como é que está esse movimento?
Manuel Rocha -Estamos avançando graças a um trabalho aí conseguir herdar a grande parte da base do deputado Zé Rocha, de quem eu sou filho e tenho conseguido avançar com algumas parcerias com deputados estaduais. Então, a gente cresceu muito lá na região oeste, né? Número de prefeituras, estamos avançando em outras áreas do estado, como na região do Sisal. Então, eu espero chegar em dois mil e vinte e seis com a candidatura.
Tribuna - Falando sobre política nacional, o senhor acredita que a inelegibilidade de Ronaldo Caiado, do seu partido, prejudica o lançamento de uma candidatura própria à presidência?
Manuel Rocha - Eu acredito que essa decisão será reformada a nível de recurso. O Caiado deu ontem uma entrevista, uma coletiva bastante esclarecedora, o partido está confiante em que a gente vai conseguir reverter sua situação jurídica e está mantido o lançamento da pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado depois do Carnaval. A pré-candidatura dele à presidência da República será lançada depois do Carnaval.
Tribuna - Deputado, qual é o seu posicionamento em relação à sucessão de Alan Sanches na liderança da oposição na AL-BA? O senhor já manifestou algum apoio, tem conversado com alguém?
Manuel Rocha - Não vai ter bate-chapa. Os dois nomes colocados aí são Tiago Correia e Samuel. Numericamente a oposição está bem reduzida, então não cabe a gente, em um momento como esse, disputar, ter bate-chapa. Então, todos os deputados da oposição estão trabalhando para que haja um consenso. Então, provavelmente nós vamos ter uma reunião na próxima terça-feira, onde esse tema será pautado. A gente espera que Tiago e Samuel possam se entender. A gente tem uma candidatura única, em nome de consenso, para representar a oposição para os próximos dois anos.
Tribuna - O senhor percebeu alguma redução ou aumento nas invasões do MST no governo de Jerônimo aqui na Bahia?
Manuel Rocha - Houve uma redução significativa. Mas muito mais pela posição dos produtores rurais e da classe política que defende o setor em decorrência das invasões de terra que ocorreram no início do governo de Jerônimo. Onde houve omissão. Nenhuma autoridade política do governo se manifestou naquela época contra as invasões de terra. E aí os produtores rurais se movimentaram, se mobilizaram por todo o estado, fazendo reuniões com a classe política, fazendo protestos. Os deputados estaduais e federais se posicionaram. Então houve uma pressão muito grande. Eu acho que isso ajudou a reduzir as invasões de terra, porque houve um enfrentamento direto contra o MST.
Tribuna - E o senhor acredita que, de certa forma, o PT incentivou essas invasões?
Manuel Rocha - Eu não tenho dúvida. A partir do momento que existe uma omissão das maiores autoridades políticas do governo do estado em condenar as invasões de terra, ele está, de forma implícita, incentivando as invasões.