"ACM Neto é o candidato natural ao governo em 2026", diz Alan Sanches
"ACM Neto é o candidato natural ao governo em 2026", diz Alan Sanches
O deputado estadual Alan Sanches (União Brasil), líder da oposição na Assembleia Legislativa, destacou o fortalecimento do grupo oposicionista nas últimas eleições municipais. Segundo o parlamentar, o União Brasil obteve resultados expressivos em cidades estratégicas e se consolidou como uma força política relevante, mesmo diante da estrutura governamental adversa. Ele apontou a gestão de Jerônimo Rodrigues como “sem identidade” e marcada por uma “tomada excessiva de empréstimos”. O parlamentar ainda criticou a administração da saúde e a segurança pública no estado, além do atraso no pagamento das emendas impositivas, o que, segundo ele, prejudica o desenvolvimento dos municípios representados. Para ele, o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) é o adversário natural do grupo petista em 2026.
Tribuna - Queria que o senhor fizesse uma avaliação de como a União Brasil saiu nessas eleições municipais, se se sente satisfeito com o desempenho do partido e também com o grupo da oposição de modo geral…
Alan Sanches - Primeiro, eu acho que a gente sai com a oposição fortalecida. Nós somos oposição e você observa que nós temos aqui um terço dos deputados da base do governo. E nós conseguimos disputar de igual para igual com o governo do estado, com toda estrutura, com toda perseguição política do governo do estado. Nós conseguimos, sim, resultados satisfatórios. Se você pensar nas quatro cidades que são as únicas que têm o segundo turno, que é Conquista, Salvador, Feira e Camaçari, nós ganhamos nas três e na quarta Camaçari, a que a gente não teve êxito, nós perdemos por 3 mil votos de diferença. Nós tomamos Lauro de Freitas, já há quanto tempo na mão do PT. E nós conseguimos agora tomar e mostrar que Lauro de Freitas pode ser diferente. Nós conseguimos manter Simões Filho, Candeias, ou seja, graças a Deus. A nível de, se você pensar em valores absolutos, o União Brasil sai muito maior, muito maior que o Partido dos Trabalhadores. Então, isso já é um reflexo da avaliação da população com relação ao governo Jerônimo Rodrigues, que chega já patinando, fadigando e ainda que não mostrou realmente, digamos assim, a cara do governo. Jerônimo ainda não conseguiu dar uma cara ao seu governo, só fez a entrega das obras do governo passado.
Tribuna - No que o senhor acha que o governo do estado estaria mais patinando?
Alan Sanches - Hoje, nesse momento, é a segurança pública. E, em segundo lugar, é a saúde, que ele não consegue resolver.
Tribuna - O resultado dessas eleições para o grupo da oposição sinaliza o que para 2026? Fortalecimento de ACM Neto ou de algum outro nome para o governo do estado?
Alan Sanches - Você veja bem. Primeiro, a gente tem que lembrar que Neto saiu com 49% e o outro com 51%. Então, é extremamente grande que Neto saiu em 2022. Quando chegar em 2024, a gente consegue manter isso. A gente consegue permanecer muito forte, a oposição muito forte, disputando de igual para igual, como eu disse. O que que acontece? Em Salvador, nós conseguimos ampliar, mostrar que a gestão que o União Brasil, que Bruno vem fazendo, que Neto, aqui dentro em Salvador, faz uma gestão realmente qualificada e exitosa. É uma gestão que as pessoas não querem tirar, querem continuar. Você veja, depois de 12 anos em Salvador, na capital, que é extremamente exigente, ela diz o seguinte, não, nós queremos continuar com esse projeto. Esse projeto é vitorioso e tem realmente atendido os anseios da população. E nós conseguimos aqui praticamente 80% com o Bruno. O Bruno se torna hoje uma grande liderança, igualmente a ACM Neto, tão grande quanto aqui. Só que hoje o Bruno detém o mandato. Mas, quando eu falo, isso não tira absolutamente, não diminui. Isso, eu quero dizer, o aparecimento, o crescimento de Bruno Reis não tiram o mérito nem a liderança de Neto. São dois políticos hoje muito grandes. Um prefeito da cidade e um ex-prefeito que tem também um nome extremamente importante no cenário nacional da política nacional. Então, quando falam até questionando a liderança de Neto, isso é uma bobagem, é a oposição que fica querendo plantar. Na hora certa o Neto vai estar com o mandato também aí, conseguindo participar com o mandato político, né? A gente tem outra liderança também, que é o Elmar, que vem crescendo também no cenário nacional e também na Bahia. Então, essas lideranças que vêm surgindo são justamente e fazem parte da renovação política e crescimento de todos nós.
Tribuna -ACM Neto é o nome do grupo para 2026 para o governo do estado? E se ele decidir não se candidatar, uma opção seria Bruno Reis?
Alan Sanches - Bruno é um cara de grupo, mas Bruno terá que se desincompatibilizar. Ele teria ainda a cumprir dois anos e oito meses de mandato. Eu não sei se Bruno vai querer topar isso, entendeu? Abdicar dois anos e oito meses de mandato pra se candidatar. Eu acho que hoje quem está no jogo é o próprio ACM Neto. Não descarto o Bruno, mas hoje, se você me perguntar, hoje seria o neto candidato natural ao governo. Agora não quero dizer que Bruno não possa ser, claro que hoje é grandioso, Bruno saiu gigante. Um cara que já tem, já saiu em Salvador com mais de um milhão de votos, é um cara que vem muito grande. Como a gente tem um cara tão grande quanto, então a gente acredita que deve utilizar esse que não tem mandato parlamentar, que é o ACM Neto.
Tribuna -A chance de Jerônimo não conseguir renovar o mandato daqui a dois anos é muito maior do que a de Rui Costa e a de Jaques Wagner?
Alan Sanches - Cada eleição é uma eleição. A gente tem que avaliar não só a pessoa como o grupo. A gente tem que avaliar também o grupo político. O grupo político não é de se menosprezar, o grupo deles. A gente não pode menosprezar o grupo político que a eleição de 2022 foi ganha não por Jerônimo, mas por um grupo político. Mas agora as pessoas já conhecem Jerônimo e já sabem qual é o potencial e a capacidade dele. E até hoje o governador não deu uma cara ao seu governo. Ele não tem. O governo não tem uma cara. Hoje eu só posso dizer que o que mais me marca a gestão de Jerônimo Rodrigues são 15 empréstimos que ele tomou até o momento, somando, totalizando R$ 13 bilhões. Para mim, a cara do governo Jerônimo é tomador de empréstimo. É isso que eu tenho visto, porque ele não tomou um nem dois, ele tomou 15 empréstimos. Então, isso realmente é o que marca para mim o governo do Jerônimo Rodrigues, é ser um tomador de empréstimos.
Tribuna -Esses empréstimos que Jerônimo tem tomado e que a oposição até tem se posicionado de maneira contrária na Assembleia, eles podem colocar futuramente em risco a gestão fiscal do Estado, trazer problema para os futuros governadores?
Alan Sanches - Não tenha dúvida. Porque se você observar a relação que ele já tomou de empréstimo e o que ele conseguiu entregar, é muito pouco. Eu acho que é um governo que não mostra um planejamento. É um governo que já tomou 13 empréstimos aprovados, indo para 15. E se você olhar para trás, até agora não saiu do papel. É um governo que não saiu do papel. Então, você acha que você deve tomar um empréstimo para dar garantia, como o fundo investidor, fundo garantidor da ponte Salvador e Itaparica, e que até agora não saiu. Então, eu acho que com 50% praticamente do mandato dele já vencido e ele começar a continuar tomando esses tipos de empréstimo, eu acho que coloca sim e muito em risco o nosso futuro fiscal da Bahia. Se hoje a gente ainda tem condição de tomar empréstimo, isso não quer dizer que você deve fazer. A gente não faz isso na vida da gente. A gente não fica se endividando na vida particular, por que a gente vai fazer isso com o governo do Estado? Então, só porque outros governos tomam, mas o que outros governos também têm apresentado, não é essa execução pífia que até agora o governo do Estado tem demonstrado. O governo do estado não tem e não apresenta um planejamento realmente administrativo para a Bahia. A Bahia, hoje, com o governo Jerônimo, está muito, muito aquém do que poderia estar sendo realizado. A Bahia ocupa os piores lugares de desenvolvimento em várias áreas, mas não vejo um cenário positivo que possa vislumbrar alguma coisa. Mas quando você chega pra mim e me faz essa pergunta se eu acho que o cenário pra ele vai ficar mais difícil ou mais fácil, eu já disse que o efeito Biden pode bater também em Jerônimo e ele poderá ser retirado e ser colocado um outro candidato. Que poderá ser Rui, poderá ser Wagner e poderá ser outro. Então, eu acho que o efeito Biden começa a pairar, eu já falei isso há alguns meses, ontem eu falei novamente que esse efeito Biden pode bater aqui na Bahia e retirar, do jeito que tiraram o Biden, e eles podem também retirar o Jerônimo Rodrigues e apresentar um outro candidato, porque vão ver que o desempenho dele tem sido aquém de qualquer outro governador.
Tribuna - O que pensa sobre a questão da saúde na Bahia?
Alan Sanches - O segundo grande calo do governo do estado, que ele ainda não tem se atentado, ele não resolveu, é a saúde. A saúde continua vivendo um grande problema deficitário com relação à lei. Não adianta ele construir leitos, construir hospital e ele não conseguir andar na fila da regulação. O sofrimento das pessoas na fila da regulação continua. Não dá pra você ter uma secretária de saúde que larga os seus afazeres de secretária e vai fazer política, como ela fez agora nesse período. Quem sou eu pra dizer o que cada um tem que fazer? Mas eu acho que quando você tem um problema do tamanho que é a saúde do Estado da Bahia, não caberia se ausentar por menor que fosse o tempo pra se fazer política.
Tribuna - Outra coisa que o senhor se posicionou ontem foi sobre a questão do atraso no pagamento das emendas impositivas, que é algo que se arrasta há muito tempo. Jerônimo, nesses dois anos, deu alguma sinalização em relação a esse tema para os deputados e principalmente para os deputados da oposição?
Alan Sanches - Em 1º de janeiro de 2023, no discurso da sua posse, eu estava e ele falou, disse assim 'deputado, eu estarei fazendo a execução das emendas.' Acho que foi 1º de fevereiro, na abertura dos trabalhos, quando nós assumimos. Chegamos agora a 50% há dois anos do mandato e você vê uma execução completamente parcial. Eu, esse ano, eu tenho, fui fazer um levantamento, eu tive um cumprimento das emendas em torno de 23%, ou seja, pelo amor de Deus. A gente não precisa ficar fazendo discurso para que ele cumpra o orçamento. Nós aprovamos o orçamento. Isso aí foi sancionado, esse orçamento. Então a gente não tem que estar brigando por uma coisa que é impositiva, que é imperiosa e que ele, além de tudo, deu a palavra e se comprometeu com a palavra. A honra da palavra é o que nós temos enquanto política. E até hoje ele não consegue executar. Ele me dizer que pagou uma partezinha, vou secar, vai ter um acordo, vou liberar uma ambulância. Pelo amor de Deus, esse tempo já passou. Ele tem que executar o que está na lei. Simplesmente ele executa e faz o pagamento, entre aspas, das emendas. As emendas não são dos deputados. Os deputados, seja da oposição ou da situação, foram escolhidos como os representantes de deputados parlamentares daqueles municípios, daquelas localidades. E o que que ele tem que fazer, o deputado? Representar esses municípios aos quais ele foi escolhido majoritariamente. Dessa forma, o deputado coloca a indicação pra uma ambulância, pra poço artesiano, pra uma recuperação de uma escola, o que for. Estará atendendo o município. Quem vai fazer a obra é o governo do estado. E ele não consegue perceber isso e fica nessa falta de planejamento, nessa picuinha, nessa perseguição de não pagar as emendas parlamentares. Me parece que é pra deixar os deputados sempre, não só da situação, mas também da situação da oposição, devendo favor e pedindo migalha ao governo do estado. Se depender disso, de mim ou da oposição, não farei. Ele vai ficar com as emendas dele entaladas no pescoço, que eu não farei. Então isso é um direito nosso e eu espero que ele realmente cumpra a palavra que ele deu aqui pessoalmente dia 1º de fevereiro. Então, eu espero apenas que ele pague a conta, se não, eu continuarei dizendo que ele falta com a palavra, porque não executou no ano passado. Se ele quiser sair desse governo com essa pecha, que ele não tem palavra, ele sairá e não pagará as emendas, porque é um absurdo o que o governo da Bahia tem feito com os deputados e com a Assembleia Legislativa. E acho, inclusive, que parte da culpa é da Assembleia, que a Assembleia deveria, sim, se insurgir contra o governo do Estado e dizer, olha, a gente tem que ser harmônico. Os poderes legislativo e executivo são harmônicos, mas nós temos que ser independentes.
Fonte Tribuna da Bahia